Embora não seja frequente, isso às vezes acontece no mundo da cultura visual que um design que parece ser aparentemente bom e interessante se transforma de uma imagem direta e criatividade sincera em uma adesão formal ao design e aos cânones técnicos e perde sua antiga ingenuidade infantil.
Aparentemente, foi o que aconteceu com a marca Laithwaites. É um serviço de assinatura de vinhos que oferece uma vasta seleção de vinhos entregue à sua porta.
A agência de criação Love, sediada em Manchester, está reformulando sua marca. Precisamente porque a empresa conquistou um exército de meio milhão de assinantes em 50 anos de negócio do vinho, agora a empresa se esforça para inovar e manter uma posição de liderança no mercado.
Uma nova abordagem da marca – o uso de textura, traço de mão, iconografia, caligrafia despretensiosa e letras sofisticadas – marcou um novo capítulo na biografia da marca.
Os iniciadores da reformulação da marca compartilharam uma nova ideia conceitual – a ideia de que Laithwaites se torna “uma bússola para o mundo das aventuras do vinho”.
O logotipo, que é feito em tons de vermelho, tinha um design gráfico interessante, diferentes letras A no nome, denotando a originalidade e exclusividade da marca, na situação atual adquiriu uma fonte geométrica acentuada muito alongada do mesmo tom. Como se pintura, infantilidade, paquera saíssem da marca.
Formalismo, seriedade pomposa, autoridade – é o que se vê no novo logotipo do tipo.
Embora tenha sido através do rebranding que a empresa pretendeu valorizar o espírito de diversão, apostar nas histórias de descoberta de vinhos, de forma a trazer para as origens uma nova geração de apreciadores de vinhos e aumentar a notoriedade da marca.
Além disso, os designers criaram uma nova identidade de forma a enfatizar a ligação dos tempos, o diálogo entre o cliente e a marca, para reforçar a ideia de inclusão, não elitismo.
Surpreendentemente, o novo logotipo tem uma impressão diametralmente oposta. É claro que a associação e percepção da identidade da marca como um todo é uma questão puramente subjetiva, mas é de salientar que com o novo design a empresa pôs em causa a fidelização dos clientes.
Sim, é bem possível que a marca permaneça reconhecível e seja popular, mas ainda será percebida como uma “esnobe do vinho”, embora os organizadores do rebranding estivessem tentando evitar essa ideia de transmissão.
Seria uma pena se esses pensamentos viessem aos consumidores quando virem um novo design.
Naturalmente, todo negócio, toda marca precisa se adaptar aos tempos de mudança, se adaptar às condições de operação, tentar entender as diferentes gerações de clientes para as quais seus produtos são projetados. Mas parece que essa abertura e sentimento evaporaram da marca.
Talvez os designers apenas tenham trilhado o caminho errado, misturando minimalismo, elegância e ilustrações autênticas feitas à mão no logotipo.
A ideia de que o design antigo era melhor que o atual é apenas a opinião subjetiva de um consumidor insatisfeito, mas se tal ideia surge, significa que a marca deve pensar e ouvir o ponto de vista daqueles cuja opinião está sobrevalorizada para eles – para a opinião de queridos clientes.